quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Que fizeste do tempo?!

Outro texto que vale a pena descobrir. O Pe. José Augusto Marques, Pároco de Resende e Felgueiras, Professor de EMRC, Assistente dos Escuteiros, escreve habitualmente uma coluna do Boletim "Sê", dos Agrupamento de escuteiros, no género deste que aqui encontramos. Pode consultar o texto no Perfil Hotmail do Pe. José Augusto Marques:



“O tempo é o único bem totalmente irrecuperável. Recupera-se uma posição, um exército e até um país, mas o tempo perdido, jamais”.
Napoleão Bonaparte
  
O ritmo alucinante em que se desenrola a nossa vida actualmente faz com que “o tem­po” se torne como um dos bens mais preciosos. A nossa vida transforma-se muitas vezes numa luta feroz contra o tempo que nos parece escapar das mãos como areia movediça. A nossa vida tornou-se, em muitas circunstâncias, escrava do tempo.
Este facto traz consigo inúmeras consequências quer ao nível pessoal, quer para a sociedade em geral. Sentimo-nos muitas vezes profundamente divididos - por um lado senti­mo-nos comprometidos a aproveitar bem o tempo e a administrar da melhor forma um con­junto de oportunidades que nos são dadas; por outro lado sentimos que nos falta tempo para realizar coisas essenciais e nem sempre somos capazes de gerir bem as opções que se nos deparam. É aqui que se joga tantas vezes o sentido da vida e da nossa realização pessoal - saber distinguir o essencial do acessório é o segredo duma vida realizada e feliz.
Impõe-se por isso a grande questão: que fizeste do tempo? Da resposta a esta per­gunta depende a nossa qualidade de vida. Podemos distinguir vários tempos entre os quais a nossa vida se desenrola: tempo para Deus, tempo para mim, tempo para os outros, tempo para as coisas. Todos eles são importantes, mas, dependendo da hierarquia que nós fizer­mos deles, assim definimos as prioridades da nossa vida e, consequentemente, o maior ou menor sentido da nossa realização.
Em primeiro lugar devemos estabelecer o tempo para Deus. É Ele que nos dá todo o tempo, é a Ele que nós devemos oferecer o nosso tempo - quando rezamos ou trabalhamos, quando descansamos ou nos divertimos, quando estudamos ou convivemos, tudo são opor­tunidades imperdíveis de louvar o Senhor de todas as coisas. Quando ouvimos dizer às pes­soas que não têm tempo para rezar, então é sinal que o Senhor do tempo fica fora do nosso tempo. Que ingratidão!
Muito importante é também o tempo para mim. É necessário que eu prescinda do rit­mo rotineiro da vida que me projecta constantemente para o exterior para poder mergulhar dentro de mim e pensar a minha vida. Fazer projectos, avaliar resultados, redefinir cami­nhos… são condições essenciais para que a minha qualidade de vida melhore. Às vezes limitamo-nos a ser escravos do tempo em vez de sermos administradores do tempo, porque nos falta encontrar este momento especial de encontro connosco próprios.

O tempo para os outros deve ser resultado do reconhecimento óbvio da nossa condi­ção de seres humanos que vivem em sociedade e em família. Não vivemos isolados, depen­demos uns dos outros e temos necessidade de dar de nós o melhor em reconhecimento pelo muito que recebemos dos outros e dessa grande herança que nos foi legada ainda antes de nós o merecermos. Dar tempo aos outros fazendo da vida uma missão de serviço, adminis­trar a vida sempre com o sentido de quem põe ao serviço do bem comum o melhor que há em si, dá-nos uma sensação de paz, de dever cumprido, de realização. “Dar de si, antes de pensar em si” - este lema rotário lembra-nos a necessidade de focalizarmos o objectivo nos outros em vez de o focalizarmos em nós, desprende-nos do nosso egoísmo e torna-nos pes­soas melhores. “Há mais alegria em dar do que em receber”, diz Jesus.
Finalmente o tempo para as coisas. Também é importante dedicar tempo às coisas de que gostamos. Ter tempo para apreciar a natureza e cultivar um jardim ou uma horta, ter tempo para o lazer e o desporto, ter tempo para a aventura e o descanso, ter tempo para cui­dar da casa e da sua imagem, etc. Tudo é importante na vida quando realizado com amor e há pequenos pormenores nas nossas ocupações que fazem grandes diferenças. O que mar­ca essa diferença é sempre o objectivo que nos move em cada realização.
Administrar bem o tempo é, pois, o grande desafio que se coloca diante de nós. Um dia, quando comparecermos diante do Senhor do tempo, Ele nos perguntará: que fizeste do Meu tempo? A resposta a esta pergunta deparar-se-á diante de nós em ecrã gigante e a ver­dade das nossas prioridades definirá a assertividade ou não da nossa vida. De uma coisa podemos estar certos - não teremos nova oportunidade para viver o que foi vivido. O tempo é coisa tão rara quanto preciosa, não nos podemos permitir desperdiçar as oportunidades que nos foram dadas com amor.
Quando o nosso tempo coincidir com o tempo de Deus, então seremos plenamente felizes, mas esse momento deixará de chamar-se tempo e será eternidade!
Pe. José Augusto

1 comentário:

  1. Amém! Belíssimo texto.
    Atualmente observamos muitas pessoas deprimidas, com crise do pânico, enfim, presas no cárcere de suas emoções.
    O mundo oprime as pessoas e as deixam angustiadas. Não tem tempo para comer e dormir direito, para ficar com sua família e muito menos para ouvir sua voz interior.
    Não se permitem conhecer a si mesmas.

    Temos que ter consciência que Tudo vem no tempo de DEUS. De nada adianta angustiar-se e atropelar o caminho, se não os seus planos não forem os mesmos de Deus em sua vidas.

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