segunda-feira, 11 de março de 2013

D. ANTÓNIO COUTO - A nossa Páscoa

D. ANTÓNIO COUTO, Bispo de Lamego. A nossa Páscoa. Paulus Editora. Apelação 2013, 120 páginas.
       Nas palavras do autor, D. António Couto, é mais um livrinho como os dois anteriores, também publicados por esta editora: "Vejo um ramo de amendoeira e outra palavras em flor" e "Estação de Natal", procurando refletir a palavra de Deus, lida nos dias de hoje, com os fundamentos históricos, arqueológicos, culturais.
       Em tempo de Quaresma (que prepara liturgicamente a celebração da Páscoa, mas que surge depois da Páscoa, sem a qual não haveria nem quaresma, nem liturgia, nem Igreja), D. António Couto oferece-nos este subsídio sobre os diferentes domingos da Quaresma (1.ª parte), da Semana Santa (2.ª parte) e do Tempo de Páscoa (3.ª parte), com outras notas em outros textos que bem poderiam ser proclamados neste tempo. O ciclo de leituras é do ANO A, cuja liturgia da Palavra pode ser usada também nos anos B e C (o ciclo de leituras deste ano é o C), sobretudo nas comunidades onde os catecúmenos se preparam para o batismo.
       Para quem segue as reflexões propostas pelo nosso Bispo, em MESA de PALAVRAS, e também para quem quiser aprofundar a palavra de Deus e a inserção à comunidade crente, esta é uma leitura recomendada, a não perder, para mastigar, para ruminar e sobretudo para se deixar envolver pelo Evangelho, na fidelidade a Jesus, no compromisso atual com os irmãos.

Alguns pedaços de reflexão:
"Com esta celebração da Ceia do Senhor, em Quinta-Feira Santa, a Igreja Una e Santa reacende a memória da instituição da Eucaristia, do Sacerdócio e da Caridade, e dá início ao Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do seu Senhor, que constitui o ponto mais alto do Ano Litúrgico, de onde tudo parte e onde tudo chega, coração que bate de amor em cada passo dado, em cada gesto esboçado, em cada casa visitada, em cada mesa posta, em cada pedacinho de pão sonhado e partilhado.
É assim que Deus nos dá a graça de caminhar durante todo o Ano Litúrgico, dia após dia, Domingo após Domingo, sempre partindo da Páscoa do Senhor, sempre chegando à Páscoa do Senhor...
Com Jesus Cristo, aprendemos a passar do pecado para a graça, da soleira da porta para a mesa, da morte para a vida em abundância, da nossa casa para a Casa do Pai. É assim que nós, por graça feitos filhos no Filho, aprendemos a ser estrangeiros e hóspedes, tranquilamente sentados em Casa e à Mesa daquele único Senhor que servimos e que nos diz: «Toda a terra é minha, e vós sois, para Mim, estrangeiros e hóspedes» (Quinta-feira santa).
"Ainda em João 18,15, os dois SEGUIAM Jesus, que é a correcta postura do discípulo. Pedro, porém, não SEGUIU Jesus até ao fim: ficou ali estacionado no pátio do Sumo Sacerdote! Mais do que isso e pior do que isso, em vez de estar com Jesus, Pedro ficou com os guardas, a aquecer-se com os guardas! (João 18,18). Pedro, portanto, não fez o curso ou o percurso de discípulo de Jesus até ao fim! Deixou por fazer umas quantas unidades curriculares. É por isso que agora tem de SEGUIR alguém que tenha SEGUIDO Jesus até ao fim. É por isso, e só por isso – nada tem a ver com idades (Pedro mais idoso, o «discípulo amado» mais jovem!) – que Pedro tem agora de SEGUIR o «discípulo amado», chegando naturalmente ao túmulo atrás dele. Note-se ainda que, não obstante um ir à frente e o outro atrás, correm os dois juntos. É aquilo que ainda hoje vemos na catequese e na mistagogia cristãs: corremos sempre juntos, mas alguém vai à frente, para ensinar o caminho aos outros! Belíssima comunhão em corrida!" (Páscoa da ressurreição)
"O Evangelho da Solenidade deste Dia Grande de Pentecostes (João 20,19-23) mostra-nos os discípulos de Jesus fechados num certo lugar, por medo dos judeus. O Ressuscitado, vida nova e modo novo de estar presente, que nada nem ninguém pode reter ou impedir, nem as portas fechadas daquele lugar fechado, vem e fica de pé no MEIO deles, o lugar da Presidência, e saúda-os: «A paz convosco!». Mostra-lhes as mãos e o lado, sinais que identificam o Ressuscitado com o Crucificado, e vincula os seus discípulos à sua missão: «Como o Pai me enviou (apéstalken: perf. de apostéllô), também Eu vos mando ir (pémpô)». O envio d’Ele está no tempo perfeito (é para sempre): a sua missão começou e continua. Não terminou. Ele continua em missão. A nossa missão está no presente. O presente da nossa missão aparece, portanto, vinculado e agrafado à missão de Jesus, e não faz sentido sem ela e sem Ele. Nós implicados e imbricados n’Ele e na missão d’Ele, sabendo nós que Ele está connosco todos os dias (cf. Mateus 28,20). «Como o Pai me enviou, também Eu vos mando ir». Este como define o estilo da nossa missão de acordo com o estilo e a missão de Jesus" (Domingo de Pentecostes)
AMOR PERFEITO:

É o amor, ainda que imperfeito,
É o amor, ainda que com defeito,
É o amor que faz correr a Madalena. 

É o amor, ainda que imperfeito,
É o amor, ainda que com defeito,
É o amor que faz chorar a Madalena. 

Mas tu sabes, meu irmão da Páscoa plena,
Tu sabes que há outro amor em cena,
E é esse amor que faz amar a Madalena.   

A PÁSCOA É JESUS

Páscoa é Páscoa. Simplesmente.                                          
Sem I.V.A. nem adjetivo pascal. 
Páscoa é lua cheia, inconsútil, inteira,
sementeira de luz à nossa beira.

Deixa-a viver, crescer, iluminar.
Afaga-lhe a voz e o olhar.

Não lhe metas pás, não lhe deites cal.
Não lhe faças mal.
Não são notas enlatadas, brasas apagadas.
É música nova, lume vivo e integral.

Não é paragem, mas passagem,
aragem a ferver e a gravar em ponto Cruz
a mensagem que ardia no coração dos dois de Emaús.
A Páscoa é Jesus.

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