segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

D. António Couto: quando Ele nos abre as Escrituras: A

D. ANTÓNIO COUTO (2013). Quando Ele nos abre as Escrituras. Domingo após Domingo. Uma leitura bíblica do Lecionário. Ano A. Lisboa: Paulus Editora. 352 páginas.
        Sai a lume o primeiro volume de uma triologia, na qual nos guiará pela liturgia dos domingos que compõem o Ano A, o Ano B e o Ano C. Em cada ano se privilegia um Evangelho sinóptico, São Mateus no ano A; São Marcos no ano B, e São Lucas no ano C. O Evangelho de São João aparecerá em cada ano em domingos específicos, sobretudo ao tempo do Natal e ao tempo de Páscoa, mas também pelo verão com a temática do pão vivo que é Cristo Jesus.
       D. António promete fazer acompanhar um comentário-introdução, a publicar em data oportuna, sobre cada um dos evangelistas, para desta forma ajudar a perceber o estilo, o conteúdo e o objetivo de cada evangelista, o contexto em que escreveu, os destinatários e as linhas mestras de cada Evangelho.
       O Bispo de Lamego, estudioso da Bíblia, tem colocado à disposição de todos os comentários às leituras de Domingo, especialmente ao Evangelho, partir do seu blogue: Mesa de Palavras: AQUI. Antes de assumir, como Bispo, a Diocese de Lamego era um dos residentes no programa da Igreja Católica na RTP, Ecclesia, precisamente para ajudar a preparar a liturgia da palavra de cada Domingo. O livro que ora sugerimos recolhe a reflexão de D. António Couto para cada domingo, com profundidade, sabedoria, envolvendo-nos na Palavra de Deus, fazendo-no sentir parte essencial da história da salvação.
       Como refere o autor, o estilo é o de sempre, recorrendo à Bíblia, à história, à cultura, à arqueologia, à literatura, à liturgia e à teologia. Com efeito, o texto de reflexão é envolvente, com muitas informações, fáceis de perceber e que ajudam a sublinhar a riqueza da palavra de Deus e como Deus intervém e Se entranha na nossa história, respeitando as nossas escolhas, mas não cessando de nos procurar.
       O Evangelho em análise é o de São Mateus, o Evangelho da Igreja e que durante muito tempo foi acolhido como o primeiro a ser escrito, sabendo-se hoje que essa primazia temporal é de São Marcos. É escrito numa comunidade já muito estruturada. Depois da morte e da ressurreição de Jesus, os Apóstolos anunciaram o Evangelho, juntando-se a eles muitas pessoas, formam-se as comunidades, as primeiras comunidades, cristãs, que procuram viver nos ideais do Evangelho. Chega uma altura que é necessário colocar por escrito o que foi sendo transmitido oralmente e "absorvido" pelas comunidades, ressalvando-se os avisos que Jesus faz para as comunidades viverem sem que os crentes se atropelem, mas que cada um concorra para o bem de todos. Para ser o primeiro é preciso ser o servo de todos.
"Neste ano A é-nos dada a graça de ouvir o Evangelho segundo Mateus, conhecido como «o Evangelho da Igreja», dada a grande importância que este Evangelho granjeou na Igreja primitiva, sobretudo devido à riqueza e à clareza temáticas dos longos, solenes e pausados discursos de Jesus que nele encontramos, e que constituem um imenso tesouro para a vida da Igreja. Na verdade, o leitor ou ouvinte encontra no Evangelho segundo Mateus uma longa e bela sinfonia dos ensinamentos fundamentais de Jesus, organizados em cinco andamentos á volta de cinco imensos discursos de Jesus: 1) o Discurso programático da MONTANHA (Mt 5-7); 2) o Discurso MISSIONÁRIO (Mt 10); 3) o Discurso das PARÁBOLAS do REINO (Mt 13); 4) o Discurso ESCATOLÓGICO (Mt 24-25)".
       As pistas de reflexão para cada domingo visam precisamente ajudar a prepara a Liturgia dos Domingos e dias santos e, por conseguinte, podem ser lidos e relidos na semana que precede cada domingo ou solenidade. Contudo, o volume de leituras do Ano A pode ser lido de uma assentada ficando-se com uma ideia abrangente do decorrer da liturgia ao longo de todo o ano. Ajuda ter o livro à mão, como ajuda seguir o blogue de D. António Couto que vai limando, aperfeiçoando, lapidando cada reflexão, atualizando com um ou outro dado que vai surgindo, acontecimentos da sociedade e da Igreja (salientando-se as intervenções e/ou convocações do Papa Francisco).
       Ao leitor "bom apetite. Já se sabe que nem só de pão vive o homem".

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