segunda-feira, 29 de junho de 2015

A festa e a vivência da fé cristã

       Nestes meses de verão, as festas populares acentuam a festa, o convívio, o encontro feliz e descontraído de pessoas, famílias, grupos. O tempo de férias – para aqueles que têm trabalho e possibilidade de fazer férias – e o tempo quente convidam a sair e a permanecer em espaços mais frescos e recostar-se numa esplanada, num jardim; os dias maiores e as diferentes propostas culturais e lúdicas, em abundância; o regresso de familiares que vivem em outras paragens e que orientam a vinda à terra natal para esta altura do ano… possibilitam muitos reencontros!
       Na nossa região, as festas populares têm forte carga religiosa, ainda que por vezes seja apenas um motivo para festejar. Parece-me que todos precisamos da festa, mesmo que a vivamos de maneira distinta.
       A este propósito, sugerimos a seguinte leitura: M. Barros e P. Carpanedo (1997), Tempo para Amar. Mística para viver o ano litúrgico. São Paulo: Paulus.
       Nesta reflexão é possível constatar que a festa tem uma dinâmica teológica e pode ser fundamentada biblicamente. O povo de Deus, como a Igreja, vive em ciclos litúrgicos que se concretizam/visualizam nas grandes festas, como a Páscoa ou Pentecostes. A mudança de ciclo, ou de estação, é marcada por festejos.
       Deus cria-nos por amor, para a felicidade. Sem esconder as nossas limitações biológicas, a nossa fragilidade afetiva e a finitude temporal – que provocam medo, apreensão, sofrimento –, a vida, desde a infância à velhice, faz-nos sonhar e buscar a alegria, o bem-estar, o conforto, a festa, o encontro com os outros, a partilha e a comunhão. Depois das provações, a festa, para louvar e agradecer, e suplicar o futuro. A dança, a comida e a bebida, a refeição em família e na tribo, pressupõem-se em qualquer comemoração. Assim acontece também nas nossas festas cristãs. A festa litúrgica e/ou popular engloba o convívio, que prolonga e valoriza o acontecimento celebrado.
       Algumas expressões do livro sugerido:
"O Deus da vida não nos quer apenas à beira do seu poço. Quer que daí irrompam liturgias de vida, em que possamos receber gratuitamente o seu mistério, e mais ainda: que possamos sorvê-lo como água viva que nos sacia, unindo acolhimento do dom e prazer...
"A verdadeira festa reúne pessoas que têm algo em comum para comemorar e realizam-se para expressar o seu amor...
"Viver a fé não é aprofundar uma doutrina. É experimentar a alegria do amor no seguimento de Jesus Cristo, testemunhando a vinda do Reino de Deus a este mundo".

publicado na Voz de Lamego, n.º 4319, ano 85/32, de 23 de junho de 2015

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