quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O dia em que aprendi o que é estar morto

       O dia em que aprendi o que é estar morto.
       Hoje, estive morto. Senti que toda a vida se escapava pelo ar que, aflito e a custo, respirava, enquanto as lágrimas eram gritadas, louco no carro, os olhos à procura, à procura, à procura. Morri, ali.
       A minha filha deveria sair da Escola de Santo António, na Parede, apanhar uma carrinha do ATL e eu ia buscá-la. O que é que aconteceu? O cartão da escola, que supostamente controla as entradas e saídas dos alunos, valeu zero. Ela saiu, porque viu uma carrinha de ATL e entrou. Era o ATL errado. Ninguém lhe perguntou o nome, não houve uma chamada, nada. Ela entrou com uma colega e só após duas horas de aflição indizível, comigo à procura dela por todo o lado, é que o telefone tocou. De um "After School", a perguntar se eu era o pai de uma Mafalda Ribeiro, que eles tinham, aflita, a pedir para ligarem ao pai. Aliás foi ela que falou: "papá?"
       Durante duas horas, morri. Percorri ruas de possíveis percursos, olhei para todas as sombras, parques infantis, supermercados, escola antiga, liguei para os pais de colegas dela, todos os absurdos e horrores passaram pela minha cabeça, chamei o seu nome, entre choro, em ruas e em todos os recantos da escola. Nada. Evaporou-se. Horrível. Uma tristeza, uma aflição, um horror que nunca mais vou esquecer.
       E quando o telefone tocou e era ela, aquela voz doce da minha princesa, minha vida, meu ar, meu sopro de vida, eu soube o que era renascer. E desfiz-me em lágrimas de novo, e dali até ao tal After School, que teve a minha filha à sua guarda por engano, até ela pedir para ligarem ao pai, levei um segundo e levei toda a vida. Obrigado meu Deus, obrigado!
       Estacionei às tês pancadas, voei em passo trocado de nervos, pela rua fora, Mafaldinha, Mafaldinha, Mafaldinha, cego de amor aflito, só há descanso e vida quando a abraçar e estiver tudo bem. Quando a abracei, e ela, agarrada a mim, me disse, apenas: "Olá Papá" eu soube que tinha renascido. E ela também, coitadinha.
       Com o cartão de visita da nova escola, estou esclarecido. Tantas referências boas e afinal é isto: no primeiro dia, por maioria de razão, deveria existir um ainda mais rigoroso controlo de entradas e saídas, mas quando cheguei o portão estava escancarado, como deveria estar quando a Mafalda viu uma carrinha do ATL a chegar, estava na hora e ela saiu da escola e entrou na carrinha. Ninguém perguntou nada, ninguém fez nada.
       E um ATL mete um grupo de crianças numa carrinha, não pergunta nomes, não verifica nada e só ao fim de duas horas é que, perante a aflição de uma criança de 10 anos a pedir para ligarem ao pai é que se acaba com este horror?
       Quando penso na forma como desaparecem crianças, para sempre, todos os dias, penso que esses pais e filhos terão sentido isto, e muitos, mesmo sobrevivendo, morreram para sempre. Eu tive a sorte de poder renascer.
       E sei que, a partir de hoje, ganhei uma nova causa: fazer tudo o que estiver ao meu alcance para contribuir para uma Escola responsável, atenta, segura, onde os nossos filhos aprendem e podemos, enquanto pais, estar descansados.
       Quando depois desta tarde de horror, fui buscar o pequeno Gonçalo ao colégio e ele me disse, comprometido, "Papá, parti os óculos a jogar à bola" eu disse para mim: que importância é que isso tem?Nenhuma, realmente, não tem nenhuma importância. Não podia dizer-lhe que o pai hoje tinha aprendido o que é morrer, e tinha tido a bênção de poder nascer de novo.

Pedro Ribeiro (Rádio Comercial), in Dias úteis.

E D I T O R I A L - Voz Jovem

1 – Bento XVI no Reino Unido.
       Entre os dias 16 e 19 de Setembro, Sua Santidade o Papa Bento XVI fez mais uma das suas Viagens Apostólicas, desta feita ao Reino Unido, como Chefe de Estado do Vaticano e como Papa.
       A cobertura dos media deixava antever enormes dificuldades. A Viagem só poderia correr mal, com muita oposição e com manifestações anti-papais, num país de maioria protestante, onde impera a Igreja Anglicana, cujo chefe máximo é a Rainha Isabel II.
       Tal como em Portugal tinha acontecido, também no Reino Unido, os súbditos de Sua Majestade, se renderam à presença de Bento XVI, com o seu sorriso natural e com a firmeza das suas palavras, procurando pontes entre as duas igrejas cristãs.

2 – Beatificação do Cardeal Newman.
       Muitos foram os momentos vividos na Viagem Apostólica de Bento XVI: encontro com a Rainha, com as autoridades governamentais, com os luteranos, com as vítimas de pedofilia, encontro com os jovens e com as escolas católicas. Um dos pontos altos, contudo, foi a beatificação do Cardeal Newman, um anglicano que se converteu ao catolicismo.
       Ainda que num ambiente adverso, Bento XVI não deixou de afirmar os valores fundamentais da fé, não fazendo cedências de simpatia. O autêntico diálogo faz-se com dois lados que se mantêm fiéis às suas convicções profundas, procurando realçar o que une. A fé cristã é património comum.

3 – Bem-aventurado John Henry Newman.
       Nasceu em Londres a 21 de Fevereiro de 1801 e faleceu a 11 de Agosto de 1890, em Birmingham. Converteu-se do anglicanismo ao catolicismo aos 44 anos. Foi ordenado padre católico, em Roma, no ano de 1847, regressando a Inglaterra. Já era clérigo antes da sua conversão.
       Como teólogo reconhecido, Newman reflectiu sobre diversos temas, tais como a relação entre fé e razão, a natureza da consciência e o desenvolvimento da doutrina cristã.
       Em 1879, foi criado Cardeal por Leão XIII, tinha então 78 anos de idade.

4 – Repensar juntos a Igreja em Portugal.
       Depois da Viagem Apostólica de Bento XVI a Portugal, o Bispos portugueses acentuaram a necessidade de repensar a eficácia pastoral. Assim, entre outras iniciativas, encomendaram uma sondagem, a nível nacional, realizada pela Universidade Católica, para conhecer melhor a realidade portuguesa, as dificuldades e aspirações dos portugueses e o que esperam da Igreja. É louvável esta iniciativa, permitindo que mais pessoas dêem o seu contributo e que a resposta da Igreja e das comunidades vá de encontro à realidade...

5 – Balanço na Diocese de Lamego.
       D. Jacinto Tomaz Botelho assumiu os destinos da Diocese há 10 anos; tomou posse no dia 19 de Março de 2000, como Bispo Titular. Tendo completado 75 anos no dia 11 de Setembro, este será o último ano do seu pontificado. Por conseguinte, será um ano de balanço pelo caminho feito, lançando propostas para o futuro. A Diocese seguirá o Documento da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), “Repensar juntos a Igreja em Portugal”, procurando, durante o ano pastoral, apresentar-se numa atitude sinodal, perscrutando as comunidades.

6 – Plano Pastoral Paroquial.
       Como em anos anteriores, o Plano Pastoral Paroquial seguirá as preocupações do documento de trabalho da CEP, as orientações da Diocese de Lamego, e as especificidades da paróquia e do Arciprestado. A presença do Sr. Bispo, em Visita Pastoral, com a celebração do Crisma, será uma oportunidade de ouro de crescimento espiritual…
       Aguardamos sugestões que possam dar-nos para melhor servir e o envolvimento de todos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

De cada falhanço, de cada alegria, uma lição!

       "Concentro-me em cada passo que dou, mas, ao mesmo tempo, procuro reflectir sem nunca perder de vista um cenário mais vasto, tentando abarcar as paisagens mais longínquas, ir mais o longe que me é possível. Sou, por definição, um corredor de fundo...
       "Para um corredor como eu, o que verdadeiramente importa é conseguir os objectivos que me proponho, ir até onde as minhas pernas me levam. Dou tudo o que tenho, aguento tudo o que tenho de aguentar, e obtenho, à minha maneira, o que para mim conta. De cada falhanço, de cada alegria, procuro tirar sempre uma lição concreta. (Não importa que seja minúscula, basta que seja concreta.) Com o tempo, à medida qe os anos forem passando, contando desde já com as corridas que hão-de vir, acabarei por alcançar o meu lugar de eleição. Ou talvez, quem sabe?, apenas um lugar que se aproxime vagamente disso. (Sim, esta é a melhor maneira de pôr as coisas, sem sombra de dúvida.)
       Um dia, se vier a ter uma campa e puder escolher o que ali será gravado, gostaria que dissesse o seguinte:
HARUKI MURAKAMI
1949 - 20**
ESCRITOR (E CORREDOR DE FUNDO)
PELO MENOS NUNCA CAMINHOU A PASSSO

       Haruki MURAKAMI, Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo. Casa das Letras: 2009.

Faleceu D. Armindo Lopes Coelho

Faleceu esta Quarta-feira, 29 de Setembro, D. Armindo Lopes Coelho, Bispo emérito do Porto, com 79 anos de idade.
       Os seus restos mortais estarão na Sé do Porto a partir desta tarde, sendo celebrada Missa Exequial amanhã, Quinta-feira, às 16 horas.
       Em comunicado oficial enviado à Agência ECCLESIA, o actual Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, refere que “o Senhor D. Armindo foi um fiel e generoso pastor da Igreja, com abnegada dedicação à causa do Evangelho em todos os importantes cargos que lhe foram confiados”.
       “A todos nos deixa um grande exemplo de serviço eclesial, que nos cabe agradecer e continuar”, acrescenta, pedindo a Deus “a feliz recompensa dos seus muitos méritos”.
       D. Armindo Lopes Coelho residia na “Casa da Mão Poderosa”, em Ermesinde, pertencente à Diocese do Porto, onde faleceu esta manhã.
       No dia 18 de Outubro de 2006, o falecido Bispo sofreu um acidente vascular cerebral, o que viria a levar à nomeação de D. João Miranda Teixeira como Administrador Apostólico da Diocese.
       A resignação ao cargo foi aceite por Bento XVI a 22 de Fevereiro de 2007, data em que D. Manuel Clemente foi nomeado como novo Bispo do Porto.
       D. Armindo Lopes Coelho nasceu a 16 de Fevereiro de 1931, em Regilde (Felgueiras), Distrito do Porto. Foi ordenado presbítero na Sé Catedral do Porto a 1 de Agosto de 1954. Frequentou a Universidade Gregoriana, em Roma, até 1959, tendo-se licenciado em Filosofia e em Teologia.
       Em 1959, foi nomeado Professor e Prefeito no Seminário Maior do Porto, onde leccionou até 1974. A 10 de Julho de 1970 é nomeado Vice-Reitor do Seminário Maior do Porto com exercício pleno da Reitoria, num período de uma certa agitação e expectativa sobre aquilo que ia ser o Vaticano II.
 Foi também durante alguns anos professor de Religião e Moral no Liceu Rodrigues de Freitas, professor de Moral no Instituto de Serviço Social do Porto e Professor de Teologia Dogmática no Centro de Cultura Católica.
       A 21 de Julho de 1962 foi nomeado Assistente Diocesano da JUC, tendo exercido o cargo até 1965. Dedicou-se também à Pastoral Familiar, às Equipas de Casais de Nossa Senhora e à Escola de Pais Nacional, de que foi co-fundador em Portugal.
       No dia 11 de Abril de 1971 é nomeado Cónego Capitular da Sé Catedral do Porto. Em 19 de Fevereiro de 1975 é nomeado Reitor do Seminário de Nossa Senhora da Conceição (Seminário Maior) do Porto.
(D. Armindo, ao lado de D. Júlio Rebimbas, então Bispo do Porto, e de João Paulo II, na passagem pelo Porto, em Maio de 1982, Mais atrás, o então Cardeal Patriarca, D. António Ribeiro)

       Em 19 de Abril de 1975 é nomeado Vigário Episcopal para o Clero e Renovação do Ministério Eclesiástico e em Março de 1976 torna-se Pró-Vigário Geral da Diocese.
       A 5 de Janeiro de 1979 é nomeado Bispo Titular de Elvas e Auxiliar do Porto, sendo a Ordenação Episcopal realizada na Sé Catedral do Porto a 25 de Março de 1979 e presidida por D. António Ferreira Gomes.
       Desde 27 de Outubro de 1982 até 13 de Julho de 1997 foi Bispo de Viana do Castelo. Entre 1997 e Fevereiro de 2007 foi Bispo do Porto, numa tarefa que D. Armindo Lopes Coelho considerava “uma honra”.
       Entre os seus pares era admirado pela sua inteligência, capacidade de diálogo e sentido de humor. Tinha como lema ser "servo de todos para exercer o ministério episcopal".

Notícia: Agência Ecclesia.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Os dois cavalos

Na estrada de minha casa há um pasto. Dois cavalos vivem lá. De longe, parecem cavalos como os outros, mas, quando se olha bem, percebe-se que um deles é cego. Contudo, o dono não se desfez dele e arrumou-lhe um amigo – um cavalo mais jovem. Isso já é de se admirar.
Se você ficar observando, ouvirá um sino. Procurando de onde vem o som, você verá que há um pequeno sino no pescoço do cavalo menor. Assim, o cavalo cego sabe onde está seu companheiro e vai até ele.

Ambos passam os dias comendo e no final do dia o cavalo cego segue o companheiro até o estábulo. E você percebe que o cavalo com o sino está sempre olhando se o outro o acompanha e, às vezes, pára para que o outro possa alcançá-lo. E o cavalo cego guia-se pelo som do sino, confiante que o outro o está levando para o caminho certo.

Como o dono desses dois cavalos, Deus não se desfaz de nós só porque não somos perfeitos, ou porque temos problemas ou desafios. Ele cuida de nós e faz com que outras pessoas venham em nosso auxílio quando precisamos.

Algumas vezes somos o cavalo cego guiado pelo som do sino daqueles que Deus coloca em nossas vidas. Outras vezes, somos o cavalo que guia, ajudando outros a encontrar seu caminho.

E assim são os bons amigos.
Você não precisa vê-los, mas eles estão lá.

Por favor, ouça o meu sino. Eu também ouvirei o seu.

Viva de maneira simples, ame generosamente, cuide com devoção, fale com bondade… E confie, deixando o resto por conta de Deus.

(autor desconhecido)

Rosto de Jesus em 3D...

       Veja o vídeo, que encontramos no Ser Profeta das Nações, sobre o que seria o verdadeiro rosto de Jesus, elaborado a partir do Santo Sudário, que não sendo dogma de fé, muitos acreditam ser o autêntico lençol em que Jesus Cristo foi amortalhado, depois de ter sido descido da Cruz.
       A este propósito, outras tentativas têm sido feitas por cientistas para apresentarem cientificamente o rosto de Jesus. Uns e outros casos, podem ajudar-nos a reflectir no autêntico rosto de Jesus, que somos nós, enquanto expressão e vivência da caridade ao jeito de Jesus, na disponibilidade sem limites em dar a vida pelo outro. O rosto de Jesus são os outros, a quem acolhemos e fazemos o bem; são os desprotegidos a quem devemos proteger, os sem voz a quem devemos dar a nossa voz...
       De qualquer forma, as imagens que aqui se podem ver são pelo menos um sinal da importância de Jesus no mundo em que vivemos...

O Livro da Verdade 7: a Sagrada Escritura

Apocalipse
Apocalipse quer dizer revelação.
O Apocalipse de São João é um livro escrito em linguagem figurada, porque se dirige aos cristãos em tempo de perseguição. Apresenta Jesus Ressuscitado como Senhor da história, e mostra como os cristãos O devem anunciar e testemunhar sem medo.
Este livro é alimento para a fé e fortalecimento para a esperança do povo oprimido. Para esse povo, a salvação não consiste simplesmente em melhorar a situação, mas em transformá-la radicalmente, fazendo nascer um novo mundo de justiça, fraternidade e partilha.

Fica assim concluída esta publicação sobre a Sagrada Escritura, a qual espero que de alguma forma tenha contribuído para que as pessoas ficassem a conhecer mais e melhor este livro tão antigo, tão verdadeiro e tão importante que a todos pode ajudar neste período tão difícil da nossa vida.

Clara Castro, in Voz Jovem, Setembro 2010.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Só a fé da Igreja nos liberta

       O papa Bento XVI já escreveu a Mansagem para a Jornada Mundial da Juventude, a realizar em Madrid, em 1991, oportunamente disponibilizá-la-emos neste espaço, porquanto pode ser lida a partir do blogue Cristo Jovem. Mas para já este belíssimo comentário sobre a Mensagem. É uma excelete introdução à leitura do texto do Papa, ou uma meditação sobre o mesmo.

       O texto, em formato de diaporama (se se pretende utilizar desta forma, é clicar nas setas) foi retirado do POVO. Para ver em formato maior clique em fullscreen, na parte superior desta apresentação.

Bento XVI - uma viagem quase impossível

O discurso global de Bento XVI deu ao mundo uma imagem diferente da Igreja Católica e da figura que para muitos é tida como de divisão mas que na realidade é referência religiosa e humana no nosso mundo: o Papa.
       Cinco meses depois de vir a Portugal, Bento XVI empreende uma viagem completamente diferente ao Reino Unido. Foi Chefe de Estado, Sucessor de Pedro, Pastor, ecuménico, penitente, corajoso, cordial, amigo. Tal como aconteceu em Portugal a Comunicação Social não foi benigna antes do acontecimento. Profetizou um fracasso, um pretexto para protestos e até uma oportunidade para o Papa receber ordem de prisão. O balanço final nada teve a ver com os agoiros.
       A Inglaterra é indiscutivelmente uma referência no nosso tempo, de história, cultura, liberdade e comunicação. Mas raramente se diz que no Império de Sua Majestade ser católico é ter um estatuto menor, como que infiel a um país que há quinhentos anos escolheu o seu "Papa" e lhe presta fidelidade, onde o político e o religioso se misturam com ar benigno e natural. Noutro país seria considerado subdesenvolvimento ou terceiro-mundismo.
       Há as feridas da história e não poucas, há recentes passos de aproximação entre a Igreja Católica e Anglicana, que voltaram atrás com as conhecidas decisões "fracturantes" da Igreja Anglicana. Foi este terreno minado que Bento XVI pisou, com a agravante dos escândalos inqualificáveis na Igreja Católica em muitos pontos do mundo e com uma incidência gravíssima nos Estados Unidos da América, Irlanda e Bélgica. Juízes implacáveis, de dedo em riste, esperavam Bento XVI.
       O programa tinha alguns laivos aparentes de provocação: o Papa propôs - se beatificar um "adversário" do Anglicanismo - Newman -, saudou os que recentemente se converteram ao catolicismo pelas roturas com a Igreja nacional.
        Foi cordialmente recebido pelas autoridades civis e religiosas e com um entusiasmo e vivência profunda pelos católicos que, sendo minoria, se entregaram militantemente a esta causa que era muito mais que a visita deste Papa. Era um todo, momento único de dificuldade e diálogo entre duas Igrejas e dois Estados com todas estas feridas de permeio.
       A dignidade das celebrações, a participação viva da multidão, a ausência de qualquer triunfalismo, fizeram deste tempo um grande momento da Igreja neste início de milénio, com um Papa idoso, olhado ainda com preconceitos, mas com uma fé, uma firmeza e um porte humano de extrema delicadeza e respeito. E extrema lucidez e coragem. 
       Na histórica celebração ecuménica de Westminster soube apontar o inimigo comum dos crentes: o secularismo. Apesar das fixações de alguns media, desde a BBC à TV Al Jazeera e canais portugueses - como se nada mais houvesse que a referência à pedofilia - o discurso global de Bento XVI deu ao mundo uma imagem diferente da Igreja Católica e da figura que para muitos é tida como de divisão mas que na realidade é referência religiosa e humana no nosso mundo: o Papa. Para além da figura concreta que desempenha essa missão.

António Rego, in Agência Ecclesia (Editorial).

São Vicente de Paulo, presbítero

Nota biográfica:
       Nasceu na Aquitânia em 1581. Completados os estudos e ordenado sacerdote, exerceu o ministério paroquial em Paris. Fundou a Congregação da Missão, destinada à formação do clero e ao serviço dos pobres; com a ajuda de S. Luísa de Marillac instituiu também a Congregação das Filhas da Caridade. Morreu em Paris no ano 1660.

Oração de colecta:
       Senhor, Deus de bondade, que enriquecestes o presbítero São Vicente de Paulo com virtudes apostólicas para se entregar ao serviço dos pobres e à formação dos pastores do vosso povo, concedei-nos que, animados pelo mesmo espírito, amemos o que ele amou e pratiquemos o que ele ensinou. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Sobre São Vicente de Paulo, neste blogue, aqui!

domingo, 26 de setembro de 2010

Fidelidade ao Evangelho, HOJE!

"No nosso tempo,
o preço que temos de pagar
pela fidelidade ao Evangelho
já não é ser enforcado,
desconjuntado e esquartejado;
é antes, e de modo frequente, ser excluído, ridicularizado ou parodiado"
Bento XVI, Hyde Park, 18.Set.2010, a partir do Povo.

Jovens no encontro com Bento XVI

       Nos vários encontros com o Papa Bento XVI, na Sua recente Viagem Apostólica ao Reino, há diversos momentos de enorme singularidade e envolvência. Um coro de GOSPEL canta para o Papa, em encontro com os jovens...

sábado, 25 de setembro de 2010

XXVI Domingo Tempo Comum - 26/setembro

       1 – "Um pobre, chamado Lázaro, jazia junto do seu portão, coberto de chagas. Bem desejava saciar-se do que caía da mesa do rico, mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas..."(Evangelho).
       Esta parábola de Jesus é ainda mais provocante e significativa nos dias que correm.
       Em todos os tempos, por nós conhecidos, a dicotomia entre os que mandam e os que obedecem, os que têm e os que nada têm, os que vivem abastadamente e os que vivem na indigência.
       Ao tempo de Jesus, existiam os homens livres e os escravos. Uns viviam regaladamente em seus palácios, subjugando súbditos, gozando a vida, dando largas a todos os luxos, vivendo faustosamente, sem se importarem dos que viviam na miséria, não porque não tivessem feito por isso, mas simplesmente porque eram de outra classe e não tinham direito a almejar por melhores condições de vida. Um fosso gigantesco, determinado por nascimento. Quem nascia em família pobre, seria sempre pobre; quem nascesse em berço de ouro, viveria sempre na abundância, a não ser que acontecesse alguma desgraça.
       No nosso tempo, o fosso entre ricos e pobres, entre magnatas e pedintes, alargou-se, muitas vezes não pelo mérito dos primeiros, mas pelo trabalho e inteligência dos segundos. Não está em causa a criação de riqueza, quando resulta do trabalho honesto e recompensa uns e outros, patrões e trabalhadores. O problema é quando a riqueza se faz à custa dos mais pobres, dos que trabalham, dos malabarismos corruptos, da desonestidade. Por isso também se verifica que há cada vez um fosso maior, mas também que há cada vez mais pobres e uma crescente concentração de riqueza num número cada vez mais reduzido de pessoas e de empresas.
        Em tempo de crise vem ao de cima da fragilidade das economias que procuram satisfazer apenas o lucro e em que as pessoas e as famílias são esquecidas. Faltou a aposta na formação, habilitação e (re)qualificação) - daria menos lucro -, no investimento em novos produtos, na modernização de equipamentos e gestão,  na reconversão de empresas, na promoção do melhor que havia e há nas empresas: as pessoas.
       2 - Certamente que Jesus, naquele e neste tempo, não diaboliza a economia ou a riqueza, mas enquadra-a num contexto mais amplo. A pessoa há-de estar em primeiro lugar. A economia não é um fim em si mesmo, deve estar ao serviço da pessoa, da sua dignidade, do seu desenvolvimento.
       E ainda que por vezes a pobreza se tenha tornado endémica - "pobres sempre os tereis" -, a responsabilidade dos cristãos é permanente, procurar viver solidariamente como irmãos, partilhar com os mais desfavorecidos, não apenas os bens materiais, mas os valores, a cultura, os bens intelectuais e espirituais, lembrando aqui o provérbio japonês: não se deve dar o peixe, mas deve dar-se a cana e ensinar a pescar. Obviamente, que num primeiro momento é necessário também prover ao alimento e aos bens materiais essenciais, dar o peixe e a cana, ensinar a pescar...
       Já o profeta alertava: "ai daqueles que vivem comodamente em Sião e dos que se sentem tranquilos no monte da Samaria" (1.ª leitura). O cristão não pode viver indiferente à miséria. Não se prega a estômagos vazios. Na comunidade não se pode dizer a alguém vai em paz, sabendo que a pessoa não tem que comer ou que vestir, ou onde repousar. No Juízo Final, diz-nos Jesus, o que tivermos feito aos irmãos mais pequenos, pobres, desfavorecidos,, excluídos, marginalizados, esquecidos, é a Ele que o fizemos ou deixámos de fazer. Poderemos deixar Jesus na rua, com fome, a morrer de frio, de aconchego?
        É também neste sentido que podemos escutar o que nos diz São Paulo, na Segunda Leitura: "Tu, homem de Deus, pratica a justiça e a piedade, a fé e a caridade, a perseverança e a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e sobre a qual fizeste tão bela profissão de fé perante numerosas testemunhas".
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Textos para a Eucaristia (ano C): Am 6,1a.4-7; 1 Tim 6,11-16; Lc 16,19-31

Milagre de Moisés à luz da ciência

Um vento de cem quilómetros por hora permitiria separação das águas, mas não no mar Vermelho
       Segundo a Bíblia, Moisés ergueu as mãos para o mar Vermelho e durante toda a noite Deus separou as águas com um forte vento de leste para permitir a fuga do povo hebreu do Egipto para a Palestina. De manhã, quando o exército do faraó os tenta seguir, foi engolido pelas águas. Agora, uma nova simulação de computador concluiu que um fenómeno natural pode realmente ter permitido este milagre, mas não no mar Vermelho.
       "As pessoas sempre ficaram fascinadas com esta história do Livro do Êxodo, perguntando-se se tem origem em factos históricos", disse o investigador do Centro Nacional para a Pesquisa Atmosférica norte-americano, Carl Drews. "O que este estudo mostra é que a descrição da separação das águas tem por base leis da física", acrescentou o principal autor do estudo publicado online no jornal científico PloS ONE.
       Com o recurso a antigos mapas topográficos, registos arqueológicos e modernas medições de satélite, a equipa encontrou um possível local para a travessia: não no mar Vermelho, onde normalmente se localiza o acontecimento de há três mil anos, mas numa área no delta do Nilo, onde aparentemente um ramo do rio inundava o antigo lago de Tanis.
       Aí, um vento de leste a soprar a uma velocidade de um pouco mais de cem quilómetros por hora, durante oito horas, teria permitido afastar as águas (com 1,8 metros de profundidade). Uma faixa de terra lamacenta com entre 3,2 e quatro quilómetros de comprimento e 4,8 quilómetros de largura teria ficado a descoberto durante quatro horas, com duas paredes de água de ambos os lados. Assim que o vento parasse, o caminho teria ficado alagado.
       "A simulação corresponde de forma bastante rigorosa com o relato do Êxodo", indicou Drews, no texto que acompanha as conclusões do estudo. "A separação das águas pode ser percebida através da dinâmica de fluidos. O vento move a água de acordo com as leis da física, criando uma passagem segura com a água nos dois lados e depois permitindo uma rápida inundação", acrescentou.
       Este tipo de vento, capaz de diminuir as águas num determinado local e empurrá-las para outro, já foi documentado várias vezes - aconteceu, por exemplo, no Lago Erie perto de Toledo, no Ohio. Em pelo menos uma ocasião foi também detectado no delta do Nilo no século XIX, quando as águas terão recuado cerca de 1500 metros.
       Uma anterior simulação de computador, feita por cientistas russos, tinha estabelecido que seriam necessários ventos de nordeste de pelo menos 120 quilómetros por hora para criar uma passagem no mar Vermelho, perto do actual Canal do Suez. Mas Drews e a sua equipa duvidam que fosse possível os refugiados caminharem com ventos tão fortes, explicando que o solo tinha de ser totalmente liso para permitir que a água recuasse em apenas 12 horas.
       O novo estudo, que contou com a colaboração da Universidade de Colorado, é parte de uma investigação maior sobre o impacto dos ventos na profundidade das águas. Drews espera que, ao dar esta nova localização para o milagre de Moisés, possa ajudar os arqueólogos a descobrir provas concretas deste evento.
Nota:
       Diga-se que a Igreja e a reflexão teológica já tinham explicado que o milagre da separação das águas e a passagem a pé enxuto era sobretudo uma feliz coincidência das condições naturais, conjugando a altura do ano, o clima... O facto de a ciência demonstrar que o "milagre" de Moisés é possível, é mais um argumento para a veracidade/fundamentação de tal coincidência, que Moisés e o Povo interpretaram como milagre.
       Como disse um dia Laurinda Alves, os milagres são coincidências através das quais Deus nos mostra o Seu caminho...

O Filho do Homem vai ser entregue...

       Estavam todos admirados com tudo o que Jesus fazia. Então Ele disse aos discípulos: «Escutai bem o que vou dizer-vos. O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens». Eles, porém, não compreendiam aquelas palavras; eram misteriosas para eles e não as entendiam. Mas tinham medo de O interrogar sobre tal assunto.
       A fama de Jesus é manifesta, mas também ilusória. Ele não tem dúvidas, o (aparente) sucesso com as multidões vai conduzi-l'O mais à frente à prisão e à morte. A preocupação do Mestre dos Mestres é que os seus discípulos não se surpreendam com esses tempos, porque também aí se manifestará a vontade e a glória de Deus.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sneijder: católico dentro e fora de campo

        O médio holandês assistiu a um acidente de viação e ajudou prontamente no auxílio à sinistrada, abandonando o local apenas quando chegou a ambulância.
       A história heróica do atleta do Inter de Milão, considerado o melhor médio da última edição da Liga dos Campeões e candidato ao prémio de melhor jogador do Mundo da FIFA, vem esta sexta-feira relatada em vários órgãos de comunicação.
       O médio do Inter conduzia pelas ruas de Milão e viu uma vespa cair no asfalto molhado.
      Estava no chão e logo fui ajudada por um casal que rapidamente pegou no telemóvel e chamou a ambulância. Depois chegou um jovem com um fato-de-treino do Inter que perguntou se precisava de ajuda. Ficou sempre perto de mim e só então percebi que esse jovem era o Sneijder, que só abandonou o local quando fui para o hospital. Ele foi impecável! Não esperava tanta gentileza de alguém que até não tinha qualquer obrigação de ficar comigo contou a protagonista do acidente, Elisabetta Savazzi, de 29 anos.
       A jovem, fã do Inter “desde pequena”, revelou ainda que o médio de 26 anos contou-lhe alguns detalhes da sua vida na cidade italiana: “Enquanto esperámos pela ambulância ele falou de como se sente bem em Milão e nunca recusou os pedidos de quem passava para tirar fotografias ou dar autógrafos. É um exemplo dentro e fora de campo”, acrescentou.

Fonte: Sapo, a partir de Padres Inquietos.

Wayne Rooney impedido de falar...

       Um funcionário da Associação de Futebol de Inglaterra calou o avançado Wayne Rooney, quando era entrevistado sobre a sua fé católica.
       Nos últimos dias, Rooney foi fotografiado com um rosário durante os treinos da sua equipa e numa entrevista, um periodista preguntou-lhe porque é que o trazia.
       Rooney, de origem irlandesa, respondeu: «Eu tenho desde os meus quatro anos e vós não vedes os meus treinos. Obviamente não o posso usar durante os jogos. É a minha religião».
       Quando os jornalistas queriam fazer uma nova pergunta sobre a sua fé, o chefe de relações públicas da AF, Mark Whittle, interrumpeu a Rooney dizendo «Não falamos sobre religião».
       Segundo informou o jornal The Sunday Times, a algum tempo o futebolista, revelou que «poderia ter sido sacerdote» porque disfrutou muito da sua educação religiosa que recibeu em criança.

 Postado a partir de Padres Inquietos.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Oração de São João Crisóstomo

Creio, Senhor e confesso, que em verdade Tu És Cristo,
Filho de Deus vivo
e que vieste ao mundo para salvar os pecadores,
dos quais eu sou o primeiro.
Creio ainda que este é o Teu Puríssimo Corpo
e que este é o Teu próprio precioso Sangue.
Suplico-Te, pois,
tem misericórdia de mim e perdoa-me as minhas faltas
voluntárias e involuntárias,
que cometi por palavras ou ações,
com conhecimento ou por ignorância,
e concede-me sem condenação receber Teus puríssimos Mistérios 
para remissão dos pecados e para a vida eterna.
Da Tua Ceia Mística,
aceita-me hoje como participante, ó Filho de Deus;
pois não revelarei o Teu Mistério aos Teus inimigos,
nem Te darei o beijo como Judas,
mas como o ladrão me confesso:
lembra-Te de mim, Senhor, no Teu Reino,
Que não seja para meu juízo ou condenação,
a recepção de Teus Santos Mistérios, Senhor,
mas para a cura do corpo e da alma…
Amém.

Postado a partir do blogue da Canção Nova.

Senhor, estou aqui!

SENHOR, aqui me encontro absorta, diante de vós,
a pedir por aqueles que não sabem orar.
Não lhes foi dito como falar com Deus!
Ato tão simples, tão singelo.
Basta abrir o coração, deixar fluir sentimentos e falar com as emoções ...
O sentir vai aos poucos espontaneamente surgindo
e formando as palavras necessárias e
bem-vindas ao Vosso Coração.
Por isso Senhor, peço por aqueles que precisam aprender a força da Fé e da Oração
pura e simples.
Olhai por eles, guiai-os e iluminai-os
algumas vezes mais ...
para que possam aprender que orar é uma
forma de se doar, de amar.
Orar é uma forma de conversar onde
falamos em pensamento.
E quando a Graça Divina nos alcança,
tudo fica iluminado!

Abra seu coração e vá ao encontro de Deus
através da oração!
Experimente fortalecer seus sentimentos
e sua confiança e perceberá estendido
sobre você um Manto de Paz!

(autor Nídia Vargas Potsch)

Vaidade das Vaidades

"Vaidade das vaidades
– diz Coelet –
vaidade das vaidades, tudo é vaidade.
Que aproveita ao homem todo o esforço
com que trabalha debaixo do sol?
Passa uma geração,
vem outra geração e a terra permanece sempre.
Nasce o sol e põe-se o sol;
depressa volta ao ponto de partida, donde volta a nascer.
O vento sopra do sul, depois sopra do norte;
num vaivém constante, retoma os seus caminhos.
Todos os rios vão ter ao mar e o mar nunca se enche;
e embora cheguem ao ao seu termo, jamais deixam de correr.
Todas as coisas se afadigam, mais de quanto se pode explicar;
o olhar não se farta de ver, nem o ouvido se cansa de ouvir.
O que foi será outra vez e o que se deu voltará a acontecer:
nada de novo debaixo do sol.
Se de alguma coisa se disser:
«Vede que isto é novidade»,
o certo é que já foi assim nos tempos que nos precederam.
Mas nenhuma memória ficou dos tempos antigos,
nem haverá lembrança dos acontecimentos futuros
entre aqueles que vierem depois" (Ecl 1, 2-11)

Faz o que Deus espera de ti

       Ouça esta melodia do Pe. João Paulo Vaz, sacerdote da Diocese de Coimbra, e deixe-se interpelar pelo convite.
       Para saber mais do Pe. João Paulo Vaz e da sua veia musical consulte o MySpace.

São Pio de Pietrelcina, presbítero

       Seguidor de São Francisco de Assis, o padre Pio nasceu no dia 25 de Maio de 1887, em Pietrelcina, Benevento, Itália. Foi baptizado no dia seguinte com o nome de Francisco. Celebrou os Sacramentos da Eucaristia (1.ª Comunhão) e do Crisma com 12 anos.
       Aos 16 anos, 6 de Janeiro de 1903, entrou no noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Tomando o hábito franciscano, passou a chamar-se Frei Pio.
       Foi ordenado sacerdote no dia 10 de Agosto de 1910, em Benevento. Por motivos de saúde, ficou na família até 1916. Em Setembro deste ano, foi enviado para o Convento de São Giovanni Rotondo.
       Procurou viver ao máximo a sua identificação com Deus, na direcção espiritual, na confissão de penitentes, na celebração da Eucaristia, onde ficava como enlevado para Deus.
       Em 5 de Maio de 1956, foi inaugurada a "Casa Alívio do Sofrimento", para atender os sofrimentos e a miséria das famílias carenciadas.
       A sua vida era oração constante: "Nos livros procuramos Deus; na oração encontramo-l'O. A oração é a chave que abre o coração de Deus".
       Tal era a sua empatia com Deus e com o semelhante que o procuravam-no na Igreja, no confessionário, na sacristia, no convento. A todos acolhia.
       Tal como São Francisco de Assis, apareceram-lhe a chagas de Cristo, sentindo as suas dores.
       No seu serviço sacerdotal esteve sujeito a numerosas investigações por parte da Igreja. Foi vítima de acusações, de calúnias, permaneceu calado, confiando em Deus.
       Muito solicitado, mantinha-se humilde: "Quero ser apenas um pobre frade que reza".
       Faleceu no dia 23 de Setembro de 1968. Tinha 81 anos de idade.
       Foi beatificado no dia 2 de Maio de 1999, por João Paulo II, e canonizado no dia 16 de Junho de 2002, também por João Paulo II.

Oração de Colecta:
       Deus todo-poderoso e eterno, que destes a São Pio, sacerdote, a graça de participar de modo admirável na cruz do vosso Filho, e por meio do seu ministério renovastes as maravilhas da vossa misericórdia, concedei-nos, por sua intercessão, que, unidos constantemente á paixão de Cristo, tenhamos a alegria de alcançar a glória da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Bento XVI: o Ocidente e o Evangelho

       Na Audiência Geral das quartas-feiras, no Vaticano, o Papa Bento XVI, ao falar da sua Viagem Apostólica a Inglaterra, sublinha a marca cristã nos países ocidentais, que se devem preservar e aprofundar, cultural, social e religiosamente.

O dom da SOLIDÃO

       "O nosso mundo vive cheio de solidão negativa, sem perceber nem aceitar esse dom, essa necessidade, de estar só para poder recolher-se e organizar-se, para poder dar e dar-se.
       Oferece-nos, pelo contrário, dois alibis, para enganar a solidão: o trabalho e o divertimento. A ocupação e a satisfação talvez nos façam esquecer, mas deixam-nos cada vez mais longe de nós mesmos e dos outros."

Vasco Pinto de Magalhães, s.j., in Abrigo dos Sábios.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Testamento de um idoso com Alzheimer (Lilian Alicke)

"Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde;
Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro;
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido.“ (Buda)

Junto com meu testamento, no qual lego a meus filhos e amigos a minha vontade de viver e meu amor a Deus e a toda a criação, faço um pedido:
Se, por ventura, no meu cérebro a senilidade penetrar sorrateiramente, a demência se infiltrar inesperadamente e o esquecimento, a falta de lucidez e a confusão se instalarem, por favor, lembrem que eventualmente, ainda tenho uma vaga idéia de minha identidade;
gosto de ser chamada pelo meu nome, aquele que meus pais me deram;
posso ainda saber onde estou e com quem estou;
posso estar gostando ou não de onde estou e com quem estou faço ainda questão de usar aquele tipo de sapato que toda a minha vida usei;
gosto ainda de usar a roupa ao estilo que sempre preferi; a roupa dos outros colocada em mim me entristece.
A falta de atenção em me ajudar na higiene pessoal me traz ansiedade.
A comida de um estilo que não conheço não me apetece;
as fraldas de vez em quando me incomodam e me deixam envergonhada.

Gostaria, às vezes, de caminhar para espairecer e ver a natureza.
Receber uma palavrinha me faz lembrar que sou gente;
receber visitas me faz lembrar que sou importante;
receber um abraço e um beijo me diz que alguém ainda tem afecto por mim.

A falta de sono não é proposital, nem intencional;
a falta de interesse está além do meu controle;
minha falta de jeito é inexplicável para mim mesma;
o esquecimento me deixa traumatizada.

Tenho dores que às vezes não posso contar.

Nem sempre o que me fazem fazer é o que eu gostaria de estar fazendo.
Meu olhar vago não reflecte o que sinto.
E se não dou um abraço é porque os meus braços não me obedecem mais se não dou um beijo é porque meus lábios não sabem mais o que fazer.
Se não te digo que valorizo sua dedicação e seu amor é porque a ponte se partiu e perdi o caminho que me levaria a compartilhar meus sentimentos com você....
Ass. “Um ser Humano que Envelhece"
"Os homens não têm muito respeito pelos outros porque têm pouco até por si próprios."
(Leon Trotsky)

"A vida é mais simples do que a gente pensa; basta aceitar o impossível, dispensar o indispensável e suportar o intolerável."
( Kathleen Norris)

O Mal de Alzheimer, ou Doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer é a forma mais comum de demência.
Esta doença degenerativa, até o momento incurável e terminal foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome.
Esta doença afeta geralmente pessoas acima dos 65 anos, embora o seu diagnóstico seja possível também em pessoas mais novas do que esta idade.
Cada paciente de alzheimer sofre a doença de forma única mas existem pontos em comum, por exemplo o sintoma primário mais comum é a perda de memória.
Muitas vezes os primeiros sintomas são confundidos com problemas de idade ou de stress.

Quando é suspeitado Alzheimer o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos.

Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade.
As suas funções motoras começam a perder-se e o paciente acaba por morrer.

Antes de se tornar totalmente aparente o alzheimer vai-se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se invisível durante anos.

Vinde Espírito Criador

Oração para pedir os Dons

Vinde, Espírito Santo,
E dai-nos o dom da sabedoria,
Para que possamos avaliar todas
As coisas à luz do Evangelho
E ler nos acontecimento da vida
Os projetos de amor do Pai.
Dai-nos o dom do entendimento,
Uma compreensão mais
Profunda da verdade,
A fim de anunciar a salvação
Com maior firmeza e convicção.
Dai-nos o dom do conselho,
Que ilumina a nossa vida
E orienta a nossa ação segundo
Vossa Divina Providência.
Dai-nos o dom da fortaleza.
Sustentai-nos, no meio de tantas
Dificuldades, com vossa coragem,
Para que possamos
Anunciar o Evangelho.
Dai-nos o dom da Ciência,
Para distinguir o único necessário
Das coisas meramente importantes.
Dai-nos o dom da piedade,
Para reanimar sempre mais
Nossa íntima comunhão convosco.
E, finalmente, dai-nos o dom do
Vosso santo temor,
Para que, conscientes de
Nossas fragilidade,
Reconheçamos a força de vossa graça.
Vinde, Espírito Santo,
E dai-nos um novo coração. Amém

(autor desconhecido)

Não importa o ponto de partida

       Não importa (tanto) o ponto de partida, a situação em que nos encontramos, o lugar em que estejamos, a condição que vivemos no momento actual, a distância da estrada...
       Importa (sobretudo e acima de tudo) a nossa predisposição para escutar a voz de Deus, o caminho que nos dispomos a percorrer, a disponibilidade para nos deixarmos converter pela graça de Deus e de caminharmos juntamente com o Mestre dos Mestres, Jesus Cristo.
       São Mateus, cuja festa celebramos hoje, diz-nos isso mesmo. É um cobrador de impostos. Está ao serviço do Império Romano, que oprime e subjuga Israel. É (considerado) inimigo dos judeus. Publicano (=cobrador de impostos) é o mesmo que pecador público. É ostracizado na convivência social, política e religiosa. E. no entanto, Jesus chama-o no seu local de trabalho, na sua condição actual, sem preconceitos...
       Mateus torna-se discípulo e apóstolo de Jesus. Convida-O para sua casa. A refeição é uma forma de comunhão. Só se senta à minha mesa quem me quer bem. Só me sento à mesa com quem me dou. E Jesus lá está, no meio de pecadores e publicanos, em casa de Mateus, sujeito a olhares, a juízos de valor. O preconceito de alguns leva-os a murmurar. Jesus vive eliminando todo e qualquer preconceito. Todos somos igualmente filhos de Deus.
       Podemos ser os maiores pecadores. Ainda assim, Deus chama-nos, espera por nós, quer a nossa conversão, a nossa felicidade, a nossa salvação.

As pessoas são como envelopes

       «As pessoas e os encontros, por vezes, são como os envelopes bem endereçados que recebemos. Sabe-se o nome e a morada, mas não se sabe o que vem lá dentro. Será uma conta a pagar, um convite, um folheto de publicidade? Será uma cunha, umas boas festas? É que o envelope rasga-se e depois vê-se o que vem lá dentro.
       As intenções do coração vêm sempre ao de cima, não há máscara que lhes resista...»

Vasco Pinto de Magalhães, in Não Há Soluções, Há Caminhos, in Abrigo dos Sábios.

Papa Bento XVI no Reino Unido - vídeo

São Mateus, Apóstolo e Evangelista

       Mateus foi chamado por Jesus no seu posto de cobrança. Era conhecido como publicano, o que equivalia a ser tido como traidor para com o povo judeu. Os cobradores de impostos estavam ao serviço do império romano, o povo opressor. E, por outro lado, os impostos eram muito elevados, pois visavam sustentar toda a máquina da opressão, soldados, oficiais, dirigentes, para lá dos impostos que beneficiavam directamente o cobrador.
       Exercia a sua profissão em Cafarnaum. Dotado de certa cultura.
       Deixa tudo para seguir Jesus.
       De Apóstolo, torna-se evangelista. Recolhe informações sobre a vida e a missão de Jesus e põe por escrito, no Evangelho que leva o seu nome, escrito entre 62 e 70 da nossa era.
       "Naquele tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no seu posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: 'Segue-me?. Ele levantou-se e seguiu Jesus" (Mt 9, 9-13).

Oração de colecta:
       Senhor nosso Deus, que, na vossa infinita misericórdia, escolhestes o publicano Mateus para vosso Apóstolo, concedei-nos que, ajudados pelo seu exemplo e intercessão, Vos sigamos fielmente e nos entreguemos a Vós de todo o coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Santo André Kim

Tornamos célebre neste dia o testemunho dos 103 mártires coreanos que foram canonizados pelo Papa João Paulo II, na sua visita a Seul em maio de 1984.

Tudo começou no Século XVII, com o interesse pelo Cristianismo por parte de um grupo de letrados que ao lerem o livro do missionário Mateus Ricci com o título "O verdadeiro sentido de Deus", tiveram a iniciativa de encarregar o filho do embaixador coreano na China, na busca das riquezas de Jesus Cristo. Yi Sung-Hun dirigiu-se ao Bispo de Pequim que o catequizou e batizou, entrando por aí a Boa Nova na Coréia, ou seja, por meio de um jovem e ousado leigo cristão que, com amigos, fundaram uma primeira comunidade cristã.

Com a eficácia do Espírito, começaram a evangelizar de aldeia em aldeia ao ponto de somarem, em dez anos, dez mil testemunhas da presença do Ressuscitado.

Várias vezes solicitaram do Bispo de Pequim o envio de sacerdotes, a fim de organizarem a Igreja. Roma, porém, era de difícil acesso e o Papa sofria com a prepotência de Napoleão, resultado: somente a Igreja pôde socorrer aos cristãos coreanos, trinta anos depois, quando os cristãos coreanos tinham sido martirizados aos milhares, juntamente com os 103 mártires, dentre estes: André Kim, o primeiro padre coreano morto em 1845; dez clérigos e 92 leigos.

Alguns testemunhos ficaram gravados, e dentre tantos: "Dado que o Senhor do céu é o Pai de toda a humanidade e o Senhor de toda a criação, como podeis pedir-me para o trair? Se neste mundo aquele que trair o pai ou a mãe não é perdoado, com maior razão, não posso nunca, trair aquele que é o Pai de todos nós!" (Teresa Kwon).

Os primeiros mártires coreanos escreveram, com sangue, as primeiras páginas da história na Igreja da própria pátria. Na data da canonização, bicentenária do início da evangelização da Coréia, esta nação contava com 1.4000.000 católicos, 14 Dioceses, 1.200 sacerdotes, 3.500 religiosos e 4.500 catequistas, atestando mais uma vez a frase de Tertuliano:

"O sangue dos mártires é sangue de novos cristãos!"

Santo André Kim e companheiros mártires, rogai por nós!

Pedimos-te

Grande Artífice da verdade!...

aqui estamos nesta casa do teu coração, como sermos penitentes em busca da perfeição, e queremos encontrar os meios, que nos fogem da razão.

Pedimos - te a paz, Senhor, mas que ela não nos venha com a feição da preguiça.

Pedimos - Te a luz, mas não permitas, Senhor, que ela nos leve a cruzar os braços nos confortos das claridades.

Pedimos - te, Senhor, a que nos ajude a perdoar, sem nos afastar daqueles que, pôr vezes, nos ofenderam.

Pedimos - Te, Grande Força do Universo, Amor, mas muito amor, sem que ele exija algo de alguém.

Pedimos - Te, Senhor, que nos dê o pão de cada dia, sem que este pão nos leve ao egoísmo, e que possamos reparti-lo com os que tem fome.

Pedimos - te, Senhor, consolação, porém, que nos ajudes também a consolar os tristes e os desesperados, todos os dias.

Pedimos - Te, meu Deus, Deus nosso, que a saúde se instale em nós, mas que não nos esqueçamos de ajudar os enfermos.

Pedimos - Te, Senhor, o teto, mas, ajuda nos a abrir as nossas portas aos desabrigados.

Pedimos - Te a Tua companhia permanente, todavia, ajuda-nos a acompanhar os deserdados, os órfãos, os atormentados, os viciados, os criminosos, os famintos da Tua Luz, porque sabemos que, sem este convívio, de nada nos valer pedir - te o que almejamos.

Jesus, abençoa a nossa razão e clareia o nossos sentimentos, no afã de sentirmos a luz da Verdade e multiplicá-la pela presença dos nossos exemplos.

Maria Santíssima, seja a nossa luz para que o Amor brilhe dentro de nós como o Sol da vida.

Abençoa nós todos, os nossos familiares, a humanidade inteira, os pássaros, os peixes, os animais e a Terra em que vivemos.


Francisco de Assis

O nome de JESUS como o AZEITE

"O nome de Jesus se compara ao azeite.
O azeite tem cinco propriedades:
sobrenada a todos os líquidos,
amolece as coisas duras,
dulcifica as ásperas,
ilumina as escuras, sacia os corpos.

Também 
o nome de Jesus está acima de todo nome de homens e de anjos,
se o pregas amolece os corações duros,
se o invocas dulcifica as tentações ásperas,
se pensas nele ilumina o coração, se o lês sacia o espírito".

Santo António, in Conhecer e Seguir Jesus...

Grupo das Terças: Abriu-se a manhã

O Sucesso do Papa no Reino Unido

       Bento XVI regressa a Roma após uma viagem difícil, mas cheia de sucesso.
       A Rainha recebeu-o solenemente e manifestou proximidade com os seus pontos de vista sobre a religião, os políticos aplaudiram-no de pé na sala histórica do Parlamento britânico – onde nenhum Papa tinha estado – e aplaudiram-no depois de ele ter defendido a verdade e o evangelho contra aqueles que querem remeter a religião para a esfera privada ou até mesmo cancelar expressões públicas da Fé como por exemplo a festa do Natal.
       Históricos também os momentos de encontro com a Igreja Anglicana, quer no palácio do Arcebispo de Cantuária quer na concelebração ecuménica de vésperas na Abadia de Westminster, onde também nunca tinha entrado um sucessor de Pedro.
       Bento XVI em terras britânicas condenou por três vezes os crimes perversos de pedofilia, encontrou-se com algumas das vítimas de abuso sexual e disse que estes crimes minam a credibilidade de responsáveis da Igreja.
       Mas, talvez, o mais surpreendente tenha sido a adesão das pessoas pelas ruas por onde o Papa passou e nas cerimónias que celebrou, bem como o entusiasmo com que os católicos britânicos participaram, sobretudo a alegria dos milhares de jovens sempre presentes. Várias centenas de milhares de britânicos aplaudiram o Papa nestes dias, ao contrário das previsões da esmagadora maioria de comentadores e analistas de televisão, ao ponto do primeiro-ministro Cameron – não católico – ter dito ao Papa no aeroporto: “Estes quatro dias foram incrivelmente comoventes”.
Aura Miguel, in RR.
Outros Textos:

Cuidado com a maneira de ouvir

       "Não negues um favor a quem o merece, quando estiver na tua mão fazê-lo. Se tens para dar, não digas ao teu próximo: «Vai-te embora e volta depois. Amanhã te darei». Não maquines o mal contra o teu próximo, se ele mora ao teu lado e confia em ti. Não discutas sem motivo com homem nenhum, se ele não te fez qualquer mal. Não tenhas inveja do homem violento, nem imites nenhum dos seus processos; porque o Senhor abomina os homens perversos, mas reserva a sua intimidade aos corações rectos" (Prov 3, 27-34 ).
       Disse Jesus à multidão: «Ninguém acende uma lâmpada para a cobrir com uma vasilha ou a colocar debaixo da cama, mas coloca-a num candelabro, para que os que entram vejam a luz. Não há nada oculto que não se torne manifesto, nem secreto que não seja conhecido à luz do dia. Portanto, tende cuidado com a maneira como ouvis» (Lc 8, 16-18).

       Estes dois textos, da primeira leitura e do Evangelho, apresentam uma série de conselhos para nos ajudarem a viver melhor com o nosso semelhante, usando para com ele a misericórdia, a generosidade, o perdão, a justiça. Diante do ímpio não há que ter inveja pelo que tem, mas ainda assim procurar sempre o bem.

domingo, 19 de setembro de 2010

São Januário, Bispo e Mártir


A história do santo deste dia se entrelaça com a cidade italiana de Nápoles, onde o corpo e sangue de Januário estão guardados. Este santo viveu no fim do século III e se tornara Bispo de Benevento, cidade próxima a Nápoles.

Como cristão estava constantemente se preparando para testemunhar (se preciso com o derramamento do próprio sangue) seu amor ao Senhor, já que naqueles tempos em que a Igreja estava sendo perseguida, não era difícil ser preso, condenado e martirizado pelos inimigos da Verdade. Na função de Bispo foi zeloso, bondoso e sábio, até ser juntamente com seus diáconos, preso e condenado a virar comida dos leões no anfiteatro da cidade de Pozzuoli (a primeira terra italiana que pisou o apóstolo Paulo a caminho de Roma).

Igual ao profeta Daniel e muitos outros, as feras lamberam, mas não avançaram nestes homens protegidos por Jesus. Nesse caso, sob a ordem do terrível imperador Diocleciano (último grande perseguidor), a única solução era a espada manejada pela irracional maldade humana. Foram decapitados. Isto ocorreu no ano 305.

Alguns cristãos, piedosamente, recolheram numa ampola o sangue do Bispo Januário para conservá-lo como preciosa relíquia e seu corpo acabou na Catedral de Nápoles. A partir disso, os napolitanos começaram a venerar o santo como protector da peste e das erupções do vulcão Vesúvio.

Dentre tantos milagres alcançados pela sua intercessão, talvez o maior se deve ao seu sangue,"aquele guardado na ampola". Acontece que o sangue é exposto na Catedral, no dia da festa de São Januário e o extraordinário é que há séculos, o sangue, durante uma cerimónia, do estado sólido passa para o estado líquido, mudando de cor, de volume e até seu peso duplica. A multidão edificada se manifesta com gritos, enquanto a ciência, que já provou ser sangue humano, silencia quanto a uma explicação para este fato, esclarecido somente pela fé.

São Januário, rogai por nós!

Escuta Senhor

Escuta Senhor esta minha oração...
E dá-me a graça de te ouvir sempre...
Não quero viver só por viver...
Tu, Senhor, me fizeste nascer
para proclamar tua vontade...
e fazer brilhar tua Glória
que é Infinita...

Que nada me atraia ou me prenda neste mundo...
Quero viver a liberdade dos teus filhos...
Quero ser tão somente o que queres que eu seja...
Assim estarei em constante comunhão contigo...
que me livras do castigo de não te amar,
de não te encontrar aqui e na eternidade...

Quanta necessidade tenho de Ti Senhor...
Tamanha é a minha sede e fome do teu amor...
Que desfaleço ao menor sentimento de tua ausência...
Por isso, clemência de mim que nada sou...
Clemência Senhor...
És tão Generoso, Poderoso e Santo...
Que me espanto de mim mesmo poder falar-te...
Poder dirigir-te a palavra e não sucumbir...

Porque aqui neste vale de lágrimas...
Ao que parece, só buscamos o que passa...
aquilo que perece e nunca nos satisfaz...
Por isso, Senhor, misericórdia...
é o que suplico, como refúgio, como abrigo...
contra o castigo que virá...
sobre esse nosso mundo enfermo de ingratidão...
Da falta de amor e de perdão...
Pois todos estamos mergulhados no nada do pecado...
que tenta tirar de nós o poder ver-te um dia...

autor original (Frei Fernando,OFM, www.freifernando.net).

Bento XVI beatifica Cardeal Newman

       O Papa Bento XVI beatificou hoje em Birmingham, centro de Inglaterra, o cardeal britânico John Henry Newman (1801-1890), considerado um dos "pais espirituais" do Concilio Vaticano II, um reconhecido intelectual, que influiu na formação do Papa Ratzinger.
       Esta foi a primeira beatificação dirigida pessoalmente por Bento XVI, que depois de se tornar pontífice retomou a tradição dos Papas de não presidir a estas cerimónias, tendo em conta que a beatificação autoriza o culto local, onde nasceu e exerceu o beato, enquanto a canonização permite o culto universal e por isso ser uma prerrogativa do Papa.
       Bento XVI quis sublinhar ao beatificar Newman a categoria universal do cardeal londrino.
       A cerimónia celebrou-se em Cofton Park, nos arredores de Birmingham, perto da casa de um dos Oratórios de São Felipe Neri em Inglaterra, fundados pelo cardeal, onde se encontram os seus mortais.
       O Papa proclamou-o beato na presença de cerca de 70 000 pessoas, vindas de toda a Grã-Bretanha, numa manhã chuvosa.
       Depois de ser proclamado beato foi destapada uma fotografia de tamanho gigante do novo bato colocada no altar maior e foi ouvida música sacra, enquanto milhares de pessoas aplaudiam.
       À cerimónia assistiu o juiz e diácono norte-americano Jack Sullivan, de 71 anos, que se curou de forma inexplicável para a ciência de uma doença incurável da espinal medula, depois de rezar a Newman. O Vaticano reconheceu a cura como o milagre que levou o cardeal Newman aos altares e ao culto local.
       Bento XVI anunciou que o dia festivo do novo beato será celebrado a 9 de Outubro, data que corresponde ao dia em que entrou para a Igreja Católica depois de se ter convertido do anglicanismo.
       A deslocação de quatro dias de Bento XVI, a primeira visita de Estado de um Papa ao Reino Unido, foi em parte consagrada à aproximação das igrejas católica e anglicana, quase cinco séculos depois da rotura perpetrada pelo rei inglês Henrique VIII.
       Na sexta feira, Bento XVI tornou-se no primeiro pontífice a entrar na abadia anglicana de Westminster, onde privou com o chefe da Igreja anglicana.

Notícia desenvolvida pela Agência Ecclesia.

sábado, 18 de setembro de 2010

XXV domingo Tempo Comum - 19/Setembro

       1 - "Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (Evangelho).
       Não se podem iludir ou contornar as palavras de Jesus. Por vezes, a linguagem bíblica remete para um outro significado e para outra realidade. Mas nesta questão, por mais de uma vez, Jesus aposta na radicalidade: os bens materiais não são e não podem ser um fim em si mesmo, são um meio ao serviço da realização de pessoas e de comunidades. Quando se endeusam as riquezas deste mundo, Deus é facilmente materializando, serve enquanto nos é útil, e assim também as pessoas, enquanto me/nos permitem subir na vida.
       Olhemos para a crise económico-financeira, em que sobra pouco espaço para as pessoas, para as famílias, para os seus problemas, para as suas conquistas, para os seus sonhos.
       O dinheiro comandou (comanda) a nossa vida. É uma ditadura que nos governa. Uma empresa, uma fábrica, um negócio, um banco, mantêm-se de pé enquanto dão lucro às chefias, aos sócios e aos patrões. E cada vez mais lucro, sempre mais lucro. Reduzem-se os benefícios dos trabalhadores, exige-se uma maior produtividade. Os sacrifícios na maioria das vezes não são para salvar os empregos, mas para assegurar mais lucros. Claro que no universo dos trabalhadores também se encontram os mesmos vícios, podendo trabalhar-se exigindo sempre mais, mas sem maiores compromissos nem maior produtividade...
       À crise económico-financeira, a crise de valores: o lucro acima das pessoas. Estas não contam, mas somente os números.

       2 - As palavras de Jesus, no Evangelho, apontam para a primazia de Deus, para que n'Ele se salvem as pessoas. Quando Deus ocupa o fim da nossa vida, quando é para Ele que nos encaminhamos, quando é o nosso porto seguro, então cada pessoa, como imagem e semelhança de Deus, como rosto de Jesus Cristo, será tratada como tal, como filho/a de Deus.
       Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia a trafulhice, a corrupção, a ganância e o egoísmo, o lucro à custa dos mais pobres e dos inocentes: "Faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas. Compraremos os necessitados por dinheiro e os indigentes por um par de sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo".
       Para de seguida lembrar que a justiça será assegurada por Deus. Ele lembrar-se-á de todas as nossas obras, boas e más. Não é uma aviso nem uma ameaça, é uma promessa que nos desafia ao bem, à generosidade e a colocá-l'O em primeiro lugar.

       3 - Toda a criação é fruto do amor de Deus. Na abundância deste AMOR, Deus faz surgir a luz, a noite e o dia, os peixes, as aves, os animais, a natureza, cria o HOMEM, à Sua imagem e semelhança, capaz de amar e ser amado, para ser feliz. Na treva do nosso pecado, na escuridão da nossa vida, Deus nunca se esqueceu de nós, nunca nos abandonou, nunca abandonará a obra das Suas mãos.
       Enviou-nos profetas, e nestes tempos que são os últimos, deu-nos o Seu próprio Filho. Diz-nos São Paulo a propósito, na Segunda Leitura, "recomendo, antes de tudo, que se façam preces, orações, súplicas e acções de graças por todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades, para que possamos levar uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador; Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou à morte pela redenção de todos".
       Também os bens materiais hão-de estar ao serviço da Salvação que Deus nos dá.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Am 8,4-7; 1 Tim 2,1-8; Lc 16,1-13